quinta-feira, 2 de outubro de 2008

I am Forrest, Forrest Gump!

Volta e meia, nessa minha vida besta pacata, passo por situações que me fazem sentir como uma personagem de algum livro ou filme. Não, não é bem isso, não me expressei bem. Não é que eu viva situações que me levam a pensar "hum... isso daria um filme/livro", não é isso. É uma coisa de momento. Sabe aquela expressão "tenho meus momentos"? Pois é... volta e meia eu tenho meus momentos cinematográficos e literários (às vezes os dois ao mesmo tempo, como você pode ver aqui).

Pois bem, ontem à noite eu estava em casa, meio sem sono, meio com preguiça de ir dormir (sim, eu tenho preguiça de ir dormir), meio pensando que eu já deveria estar dormindo, porque estava tarde e hoje ainda era dia de branco, quando minha preguiça foi interrompida por um clássico barulho de colisão de automóveis (batida de carro, para os leigos). Não foi nada muito estrondoso, não teve grandes freadas ou derrapagens (apesar do asfalto molhado); pelo barulho, eu diria que foi uma batida comedida porém vigorosa.

Fiquei feliz por ter arrumado a porta da sacada. Antes eu ia para a janela, mas não dava para ver nada além do muro do Peixinho e o semáforo da esquina; agora, da sacada, eu consegui ver um pedacinho de um carro atravessado no meio do cruzamento, parecia uma Kombi. O outro, um Peugeot 206 preto, na minha imaginação fértil (Celta, também preto, na cabeça da minha irmã, que nem estava acordada — nem acordou — na hora da batida), eu não vi, mas a Kombi deve tê-lo acertado em cheio do lado, ou lateral dianteira com lateral dianteira, porque foi uma pancada definitiva, sem cascalhos de ruído depois.

Como diria Mário de Andrade, "fez-se um silêncio de morte". Mas ninguém morreu, e acho que nem se machucou, pois, uns poucos segundos depois, o silêncio foi dissipado por uma menina totalmente descompensada se esgoelando no meio da noite, "Olha o que você fez no meu caaarroo!!! Você tá bêbado, seu desgraçadoo!!! Olha o que você fez no meu carrooooo!!!!". Ele devia estar mesmo bêbado, pois só dizia "Calma, não aconteceu nada, não fez nada no teu carro". Uma amiga veio logo em seguida, "Calma, Paula! Calma!". "Olha o que esse desgraçado fez no meu carro! Eu não vou ficar calma!". "Calma, Paula!". Mas a Paula não estava muito interessada em se acalmar, e continuou a gritaria.

Eu, mais que rápido, passei a mão no telefone e liguei para o 190 — e descobri que para o 190 o celular liga mesmo estando com o teclado bloqueado; depois soube que se você discar 911 ele te manda ligar no 190 (como se funcionasse!), não não fui eu que liguei, foi minha outra irmã — enfim, liguei para o 190 e acho que esse é o número de vezes que você tem que tentar antes de ser atendido. Como eu não estava com muita paciência, tentei só umas seis vezes e, como não deu certo, liguei pro 193 (Siate), mesmo achando que não tinha ninguém machucado (bom, não pelo acidente, mas como a Paula ainda estava descontrolada...), vai que eles têm uma linha direta com o pessoal do 190, né? Mas a moça disse que, como era "colisão de automóveis", eu tinha que ligar no 154, que é o Departamento de Trânsito. Lá fui eu acordar a mocinha do trânsito, ela não gostou muito e desligou na minha cara, só que como ainda não tinha ninguém conseguindo segurar a Paula para ela não matar o bebum da Kombi, liguei de novo (não sei de onde eu tiro tanta determinação às vezes, fico de cara!).

Esse foi meu momento Forrest Gump (já estava quase esquecendo que era esse o mote do post). É claro que essa referência só vai fazer algum sentido para alguém que tenha visto o filme umas 762 vezes... como eu! Engraçado... meus momentos cinematográficos são sempre sobre seqüências coadjuvantes, peripécias desimportantes, grandes feitos desprezados... com Amélie também foi assim...

É, minha vida não tem muitos momentos "que dariam um filme", mas um ou outro sempre acaba rendendo um post.

7 comentários:

Anônimo disse...

Hum, aqui perto de casa uns 3 (três) dias atrás quase aconteceu uma batida, acho. Ouvi uma freada brusca bem forte, e já estava esperando pelo subsequente barulho de latarias se chocando e vidros se quebrando, mas nada aconteceu. Pode soar meio macabro, mas acho tão sem graça quando você espera ouvir algo e faz-se "um silêncio de morte". Se o asfalto estivesse molhado, provavelmente o desfecho seria outro...

Anônimo disse...

Ahh!! E o Elvis, afinal?!?!?!

Flávia C. disse...

O asfalto estava molhado!
E o tal "silêncio de morte" não é aquele quando vc espera ouvir algo, é aquele depois de você ouvir um megabarulhão.

Flávia C. disse...

Ah, saquei, você tava falando da sua quase batida!!

Anônimo disse...

É... também me sinto frustrada quando a freada acontece e eles ficam me devendo a batida... tão raro acontecer algo emocionante...

Anônimo disse...

Oi Flavia, Eu tambem tenho preguica de ir dormir. Achei q fosse a unica. Ah, e adorei a referencia ao filme da Amelie. Esse filme é uma coisa.
Beijos,
Mel

Tamires disse...

Oi, tudo bom?

Acabei chegando no seu blog via fotolog, pq seu fotolog está como amigo/favorito do de um amigo meu, o Roger.

Gostei muito do seu blog e do seu jeito de escrever.

Abraços,
Tamires.